Trapoeraba (Commelina benghalensis): características e benefícios

 

Ramos de trapoeraba com folhas avaladas e verde-claras
Trapoeraba (Commelina benghalensis), uma Planta Alimentícia não Convencional

Família - Commelinaceae Mirb.

Gênero - Commelina L.

Nome científico - Commelina benghalensis L.

Origem - África e Ásia Tropical


Commelina benghalensis é uma espécie originária da África e Ásia Tropical e Subtropical. Além disso, essa erva ocorre fora de sua área nativa, pois foi introduzida em alguns países, como no Brasil, onde a planta está naturalizada e presente em todas as regiões do país.

No Brasil ela é conhecida popularmente como trapoeraba,  porém existem ainda mais algumas espécies da família Commelinaceae que também podem ser chamadas de trapoeraba, como Commelina diffusa e a nativa Commelina erecta, entre outras. Já em outras línguas a trapoeraba é chamada popularmente de blue dayflower, benghal dayflower, tropical spiderwort, wadering jew (inglês); hierbas del pollo (espanhol); branbangan ( indonésio); phak plaap (tailandês); kanchara, kanasiri kankawa (indiano); Fàn bão cão (chinês); comméline du bengale (francês); entre outros.

Características:


Trapoeraba com inflorescência e duas florzinhas azuis
Espata da inflorescência inserida no ápice e próximo a base da folha


Habitat — preferencialmente em locais úmidos e semissombreados.
Hábito — erva prostrada de ápice ereto, ou ereta apoiando-se em outras plantas.
Caule — entre 20 a 60 cm de comprimento, cilíndrico, de cor verde e pubescente (com pelos visíveis).
Bainha foliar — com pelos esbranquiçados e cílios avermelhados na margem próximo ao pecíolo
Folha — alternas, espiraladas no ápice, subsésseis a curto-pecioladas, lâmina verde-clara, elíptica, pubescente em ambas as faces e com margem inteira e ondulada.
Inflorescência — possui espata verde, subséssil, triangular e pubescente (posicionada junto a base da folha no ápice do ramo); as flores possuem três pétalas (duas superiores e uma inferior reduzida e escondida entre as sépalas). A planta ainda produz flores subterrâneas que não se abrem.
Fruto — cápsula de cor palha com até três células que contém 5 sementes acinzentadas ao todo. A planta também produz sementes subterrâneas.



Benefícios da trapoeraba:



Estudos realizados em alguns países evidenciaram que a trapoeraba (Commelina benghalensis) possui em suas folhas e caule fitoquímicos e constituintes com importantes atividades terapêuticas e nutricionais. Por conta disso, segundo pesquisadores nigerianos, EZEABARA e outros (2019), a planta é sugerida como planta alimentícia e medicinal, devendo apenas ser processada (refogada ou cozida) para eliminar o cianeto de hidrogênio presente em suas folhas. O cianeto de hidrogênio está presente em mais alguns vegetais, como no aipim e caroço de algumas frutas, e em altas concentrações pode causar tontura, palpitações, queda de pressão, entre outros efeitos adversos.

Entre a composição nutricional da trapoeraba estão presentes fibras, gorduras, proteínas, carboidratos, vitamina C, betacaroteno, e minerais como o cálcio, potássio, ferro, magnésio e zinco. Devido a sua rica composição a planta é vista por pesquisadores como uma ótima alternativa para suprir as necessidades diárias de certos nutrientes.

A trapoeraba, Commelina benghalensis, também é rica em fitoquímicos que possuem importantes propriedades medicinais, inclusive essa erva é utilizada como planta medicinal em vários lugares do mundo, mas principalmente nos países de sua origem. Em publicações etnobotânicas são relatados usos dessa erva para tratar dor de cabeça, dor de dente, febre, conjuntivite, acne, problemas de pele, cicatrização de feridas, infertilidade feminina, distúrbios do sono, como laxante, diurético, entre outros usos.

Em sua composição constam os fitoquímicos: alcaloides, flavonoides, saponinas, taninos, antraquinonas, esteróis, fenóis e terpenos; essas substâncias possuem  atividades preventivas ou protetoras contra doenças e, por conta delas, nessa espécie de trapoeraba cientistas confirmaram as seguintes atividades terapêuticas:


  • antioxidante e anti-inflamatória (MAGUIRGUE e outros, 2023);
  • antiartrítica (KRISHNAVENI, 2018);
  • cicatrizante (JOSHI, 2019);
  • analgésica (HASAN e outros, 2010);
  • sedativa e ansiolítica (HASAN e outros, 2009);
  • antidepressiva (CHAKRABARTY e outros, 2016);
  • hipoglicemiante e anticolesterol (RAJASWI e outros, 2023);
  • antidiarreica (KABIR e outros, 2015);
  • vermífuga (KABIR e outros, 2015);
  • hepatoprotetora (SAMBREKAR e outros, 2015);
  • nefroprotetora (KOKILAVANI e outros, 2015);
  • antitumoral (KARAN e outros, 2018)
  • antitrombose (JAKARIA e outros, 2015);
  • anti-infertilidade (KOKILAVANI e outros); e
  • abortiva (EKOZIN e outros, 2022).


Toxicidade:



Na Índia foram realizados estudos de toxicidade aguda em camundongos e não foram constatados efeitos tóxicos até a dose de 2000 mg/kg. Outro estudo, realizado por Tiwari e outros pesquisadores (2013), dessa vez de toxicidade subaguda, os extratos administrados em  ratos por 14 dias também não causaram reações tóxicas como mudança comportamental, danos nos parâmetros hematológicos e nem mortalidade nas cobaias. Outros pesquisadores também avaliaram a toxicidade, como Augustine e sua equipe (2013) e não constataram efeitos tóxicos em doses do extrato hidroetanólico a doses de 200 mg/kg e 400 mg/kg administrados em ratas, demonstrando, segundo os pesquisadores, ser uma planta de baixa toxicidade e segura.

A publicação tem caráter meramente informativo sobre a descrição da planta e suas propriedades confirmadas cientificamente. Para usos medicinais o correto é sempre buscar a orientação de um profissional da saúde.


Destaque para a bainha foliar com pelos avermelhados
Commelina benghalensis possui pelos avermelhados na margem da bainha foliar


trapoerabas no jardim
Aspecto da trapoeraba Commelina benghalensis

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